Fonte: Google |
Há um
esteriótipo de que a pessoa surda é
estressada, amargurada, triste... mas isso não passa de mais um pré-conceito.
Linda, independente, simpática e de bem com a vida, Vanessa Lima Vidal, 28, natural
de Fortaleza - CE, quebra totalmente este paradigma.
Acesse o Blog da Vanessa Vidal aqui.
Siga o "Surdez - Descobrindo um Mundo Novo" no Twitter: @mundodosilêncio
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Com surdez congênita,ela
enfrentou dificuldades durante a infância e a adolescência , mas superou os
obstáculos impostos pela sociedade e venceu na vida. Ela correu atrás de seu
sonho, acreditou no seu potencial e em 2008 foi eleita a Miss Ceará. Hoje,
trabalha, faz faculdade, lançou o seu livro autobiográfico “A Verdadeira
Beleza” e leva uma vida totalmente normal. Melhor do que ler
artigos e livros é poder saber a opinião de quem realmente convive com a
surdez. Por isto tive a iniciativa de procurar a Vanessa, via facebook, para
poder permitir a você leitor uma visão mais impessoal sobre as questões da
surdez. Sempre que possível publicarei depoimentos, relatos de pessoas a cerca
da surdez.
Muito gentilmente,
ela cedeu ao blog “Surdez – Descobrindo um Mundo Novo” uma rápida entrevista,
na qual ela nos conta um pouco sobre as suas experiências com a surdez, sua
opinião sobre a língua de sinais e um pouco sobre sua vida.
1 - Qual o seu nome completo? Qual a sua idade e de
onde você é?
R- Vanessa Lima Vidal, tenho 28 anos, natural de Fortaleza/Ce.
2 - Você nasceu com a surdez ou foi perdendo a
audição aos poucos? Neste caso, com quantos anos você perdeu a audição?
R- Sim, já nasci surda.
3 - Você freqüentou escolas para pessoas surdas ou
escolas tradicionais? Sentiu dificuldades durante sua vida escolar devido a
surdez? Quais?
R- Na primeira idade freqüentei escola tradicional, mas senti muitas
dificuldades, mais tarde fui para uma escola especializada até me alfabetizar, já
no ensino médio freqüentei escola tradicional, mas as dificuldades só
aumentavam. Já na Universidade fui a primeira aluna surda a ter um interprete
de libras em sala de aula, isto tudo se deve a minha luta.
4- Na sua infância, enfrentou muitas dificuldades
devido a sua condição? Preconceitos?
R- Sim, enfrentei muitos preconceitos, discriminações, insultos baratos, sofri muito, a sociedade é cruel quando se tem um limite.
R- Sim, enfrentei muitos preconceitos, discriminações, insultos baratos, sofri muito, a sociedade é cruel quando se tem um limite.
5- Quando você começou a aprender a LIBRAS? Você consegue expressar tudo o que deseja através da língua de sinais?
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R- Só aprendi libras aos 13 anos, era proibida de aprender libras, pois
precisar desenvolver a fala, quando finalmente pude aprender libras, foi minha
libertação, foi outra realidade, passei a ter uma comunicação plena.
6- Você pensou em fazer o implante coclear? Por
quê?
R- Recebi vários convites de médicos e especialistas, mas não me senti
segura, sou feliz assim, surda, não pretendo mudar o que foi imposto por Deus.
7- Você faz tudo o que tem vontade? Como é seu
dia-a-dia?
R- Trabalho na Copedef ( Coordenadoria de políticas públicas em atenção as
pessoas com deficiência) SDH, ministro palestras por todo Brasil, sou convidada
para participar de eventos, continuo modelando, viajo muito para o exterior,
estou cursando a pós graduação em Letras libras, enfim faço tudo que esta ao
meu alcance com responsabilidade e disciplina.
8- Como começou sua carreira de modelo?
R- Foi na minha adolescência, aos 13 anos, fiz o curso de modelo na Vila
Elite, e daí não parei mais.
9- Quando decidiu concorrer ao Miss Ceará?
R- A primeira vez que concorri foi em 2007, mais só fui eleita em 2008.
10- Você sofreu preconceitos ao longo do concurso?
Como as pessoas viam o fato de você ser surda?
R- Não muito, tentei me aproximar das outras concorrentes, na possibilidade de mostrar um pouco minha cultura surda, acho ate que conseguir, algumas se mostraram bem interessada. Foi uma grande experiência, e um importante aprendizado.
R- Não muito, tentei me aproximar das outras concorrentes, na possibilidade de mostrar um pouco minha cultura surda, acho ate que conseguir, algumas se mostraram bem interessada. Foi uma grande experiência, e um importante aprendizado.
11- Durante o concurso, havia barreiras que
dificultaram seu desempenho? Você usava intérprete o tempo todo?
R- Não teve barreiras, e meu desempenho foi formidável, pois tinha uma
interprete de libras comigo o tempo todo.
12- Sou estudante de medicina, e meu interesse
atualmente é estudar o atendimento médico aos surdos. Você tem ou já teve
dificuldades ao ir ao médico? Tem algum caso seu que gostaria de nos contar,
onde a falta de conhecimento do médico sobre língua de sinais dificultou o atendimento?
R- Parabéns por sua profissão, desejo que você aprenda um pouco de libras
e faça a diferença na medicina para ajudar os surdos. Sim já senti muitas
dificuldades, em fazer uma consulta normal com o médico, devido o profissional
não saber libras, a comunicação fica muito complicada, muitas vezes o medico
não entende o paciente surdo, na maioria dos casos o surdo fica na dependência
de ter levar um parente ou um interprete, gerando assim um grande
constrangimento tendo que dividir seu estado de saúde.
Podemos perceber nesta entrevista um
exemplo real de como a língua de sinais é completa e possibilita o
desenvolvimento pleno da vida. Uma das frases ditas pela Vanessa, que mais me
chamou atenção foi: “quando finalmente
pude aprender libras, foi minha libertação, foi outra realidade, passei a ter
uma comunicação plena.” E mais uma vez reforça a minha opinião de que o
desenvolvimento da língua de sinais é a melhor opção para a pessoa que nasce
com a surdez, e não tiveram então contato com o mundo do barulho. Sendo que
esta ausência da percepção auditiva não é fator crucial para a felicidade de
uma pessoa – idéia esta que não é possível ser concebida por nós ouvintes:
viver sem o som.
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